16 de setembro de 2011

Uma avó que não baba nos netos

Minha mãe é uma avó atípica. Ela não baba nos netos, não se joga no chão pra brincar com eles, não nina no colo pra fazê-los dormir, não dá papinha e passa bem longe das fraldas e hipoglós. Ela tem 3 netos: o João, de quase 11 anos, o Otto, de 2, e a Laura, de 1 ( sou mãe apenas da Laura). E ela sempre foi assim, desde o nascimento do João. Se eu acho ruim? Confesso que já achei sim, nos primeiros meses de vida da Laura, quando eu estava precisando de ajuda, de apoio e pq. não, de colo de mãe? O pior é que ela passava em casa pra me visitar, deitava na cama do quarto da Laura enquanto eu estava amamentando, se queixava que não tinha um cafezinho pra ela tomar e dizia que a única coisa que eu fazia era amamentar. Gente, eu juro que não foi nada fácil pra mim. Às vezes eu tinha a impressão de que era minha filha mais velha me visitando, e não minha mãe. Em uma dessas visitas, eu virei pra ela e disse; "Nossa, mãe, por acaso vc amamentou algum dos seus 3 filhos?". E qual não foi minha supresa ao ouvir a resposta: "Olha, pra falar a verdade, acho que a única que mamou pra valer foi você." Ali ficaram claras as diferenças de geração sobre o assunto maternidade. Na época da minha mãe, casamento e maternidade significava anulação da independência, sem precisar me aprofundar muito neste assunto. E acho que isto resume o papel de avó que ela desempenha, sem babar, sem abrir mão da vida dela. Parece que para ela é fundamental não abrir mão de suas prioridades hoje, considerando tantas outras que ela cedeu e abriu mão até aqui. Ela sempre deixou muito claro para mim e para a minha irmã: "não contem comigo se quiserem viajar". Vocês devem estar imaginando uma vó carrasca, bruxa total, daquelas de desenho animado. Não, não. Ela tem muito amor e afeto pelos netos. Um tremendo amor. Pode não se jogar no chão com eles, mas é a primeira a se preocupar com a saúde e educação. Eu já não acho ruim este jeito dela. De certa forma, isto me dá a liberdade de educar e criar minha filha sem tantos palpites. E no fundo, sei que esta "distância" dela apenas me diz: filha, o papel de mãe agora é seu, eu já cumpri o meu. Esta etapa, eu já vivi. Mas o mais curioso é que, sem perder a característica materna mais forte, ela ainda se culpa quando fica alguns dias sem visitar a Laura. Aí ela liga, aparece no meio da tarde, pega a Laura no colo por 5 minutos, e não dispensa o cafezinho e as reclamações cotidianas.

Um comentário:

Renata Senlle disse...

Nossa, minha mãe já faleceu, mas sinto um pouco isso em relação ao meu pai, viu.
Tem uma preocupação e tal, mas não tem o clássico relacionamento de avô com neto. Eu acho que ainda estou na fase de sentir por isso, mas tb concordo com você que essa "distância" dá uma enorme liberdade para criarmos os nossos caminhos, com toda responsabilidade que isso implica!
bjks e bom final de semana,
Rê Senlle
http://umavidamaisordinaria.blogspot.com