29 de dezembro de 2012

O Natal quando se é maduro


Natal é bom mesmo quando somos crianças. Quando não nos preocupamos com o que fazer pra ceia ou como contornar aquelas situações familiares delicadas, mas simplesmente contamos as horas para abrir os presentes. Não adianta falar de outra forma: o dia da véspera de Natal consiste em contar as horas para abrir os presentes, quando se é criança. E tem coisa melhor? Claro que nisso está inserida a fantasia do Papai Noel, a magia do Natal, a noite de paz. É uma noite de luzes, e ilusões.

E quando somos maduros, não temos mais as ilusões do Natal. Sabemos que aquela noite é uma reunião familiar, uma noite gostosa, sim, mas igual a do ano passado, e do ano anterior ao passado, e será igual no próximo ano.  O peru tem sempre o mesmo gosto. Todo mundo come muito, bebe muito, e termina a noite nos sofás, até ter coragem de levantar e voltar pra casa. Não pensem o contrário: eu gosto muito dos Natais da minha família. Mas sei que é sempre aquilo. Muitas mágoas e ressentimentos escondidos embaixo dos presentes de Natal. Curtimos, nos abraçamos, celebramos. Mas alguns resquícios de outras noites, não as natalinas, mas noites de outras festas ou noites sem importância, do cotidiano mesmo, estão ali, presentes, como falei, embaixo dos presentes.

Estão presentes também a lembrança dos que não estão mais presentes: meus amorosos avós, meu tio divertido, minha querida tia. A lembrança deles é muito boa, mas dá uma tremenda saudade dos Natais da minha infância, recheados de ilusões.

Por isto minha alegria, hoje, é curtir o Natal com a minha filha, levar para ela a magia, os sonhos e as ilusões. E tentar trazer de volta a magia do Natal aos mais velhos, meus pais e tias, por meio do encantamento da minha filha. E tentar escrever um roteiro de noites de Natal um pouco diferente das que vivi. Sem tantos cuidados, mas mais espontâneas e leves. Cuidado, porque esse é um requisito importante numa noite de Natal de uma família italiana e emotiva. Cuidado com o que se diz, cuidado com quanto se bebe. Cuidado que deveria ser equilíbrio. Mas esta é uma palavra difícil de ser assimilada pela minha família.

Um Feliz Natal. Porque ainda é tempo.

 

 

 

24 de maio de 2012

1 semana longe de casa...

Na semana passada fiz minha primeira viagem a trabalho depois de ser mãe. Fiquei 1 semana no RS visitando empresas e os projetos sociais que desenvolvem. Pensei que eu ia ficar o tempo todo com aquele aperto no peito que eu sentia quando a Laura era novinha, tinha só alguns meses e eu tinha que me ausentar de casa por mais de 2 horas. Mas não, foi diferente. Estava envolvida com o trabalho e sabia que aqui em casa ela estava bem assistida, com o pai, a babá, os avós visitando. Na véspera de embarcar, ela piorou da gripe que virou uma crise séria de bronquite. E eu abracei ela forte e chorei, querendo desistir. Mas foi ótimo ter ido. Na metade da semana em diante a saudade falava alto. Mas era uma saudade gostosa, cheia de expectativas pelo reencontro. Tanto que quando cheguei no aeroporto em SP e peguei o táxi para casa foi como ir ao encontro do namorado na adolescência, estava muito ansiosa! Ao chegar em casa, abri a porta e ela falou "mamãe" com um ar de surpresa e felicidade incríveis. Pulou no meu colo e riu gostoso, um riso de conforto, satisfação e aconchego. Ficou uma hora serelepe pela sala, correndo e dando gritos de alegria. E eu me senti inteira de novo. Nesta semana viajei de novo, mas fiquei apenas 1 noite fora. Essas viagens estão me fazendo pensar se estou no caminho certo, pois bem agora, com uma filha, tenho um trabalho que exige viagens pelo Brasil todo. Pensei muito como teria sido bom ter este trabalho antes de ter a Laura, porque, por mais envolvida que eu estivesse lá no RS, tinha uma malinha o tempo todo na minha mão: a mala da preocupação. Minha cabeça já não foca 100% no trabalho. Tem uma parte reservada à Laura. Ligava 3 vezes por dia para casa pra saber como ela estava e pra falar com ela. E pensei como deve ter ficado a cabecinha dela, pra entender que a mãe se mudou pra dentro do telefone! Por mais que tudo tenha dado certo, e que eu queira continuar me desenvolvendo profissionalmente, o que importa muito para mim, não sei se quero continuar viajando a trabalho. Vontade imensa de poder ser dona do meu nariz e escolher os compromissos profissionais que valem ou não à pena a ausência de casa e da filhota. Mudanças à vista? Quem sabe.

21 de abril de 2012

a banda desafinou e voltou a tocar

Os últimos 30 dias foram tumultuados aqui em casa (leia-se a casa propriamente dita e a casa interna). Estava viajando a trabalho quando a babá pediu demissão. Quando tudo estava no ritmo, a banda desafinou. 1 min. depois de receber a notícia comecei a mexer os pauzinhos na busca de uma substituta. Fui rápida, e encontrei logo 3 opções. Uma maranhense emburrada, que não topei. Uma ui uma pessoa do interior, que teria que morar na minha casa, e não topou (e eu agradeci). Não consigo ter uma pessoa morando em casa, pq. não tenho quarto de empregada, só uma cama no quarto da Laura e aí, adeus privacidade. Quando já estava pensando em uma atitude mais drástica, encontrei sme querer, numa manhã dominical, um casal de amigos que me indicou uma pessoa. Curiosamente, o mesmo nome da babá que havia pedido as contas: Adriana. Sim, pq. foi só entrevistar a Adriana 2, gostar dela e tal, que a Adriana 1 voltou atrás, mas com algumas condições: não pdoeria mais ficar até às sete da noite, teria que sair às quatro da tarde. Eu não vou mencionar aqui o começo da Laura na escola, pq. coincidiu com a mesma época, e vai ficar um tanto confuso por tantas fases de adaptação no papel. Ou melhor, na tela.  Bom, aí que eu não sabia mais o que fazer. Nessas horas meu ascendente em gêmeos baixa com força e eu não consigo decidir. Eu adoro a Adriana 1, mas ela pediu as contas por causa de problema de saúde com a filha. Ofereci todas as possibilidades pra ela: consulta no pediatra da Laura, faltar no trabalho para fazer exames na filha e nada ela queria, só ir embora. Um belo dia, ela me disse que estava confusa, que não sabia mais se queria deixar o trabalho. Aí me veio a sacada: antecipei as férias da Adriana 1, para ela levar a filha no médico, fazer todos os exames e cirurgia se for o caso (a filhinha dela tem uma hérnia no umbigo), e nos 30 dias de férias dela, contratei a Adriana 2 em experiência. A Adriana 2 está me agradando e muito. Ela pode dormir aqui 3 vezes por semana, o que é ideal para mim e pra Laura, quando tiver que faltar à escola por motivo de doença. Claro que não foi fácil no começo. Os primeiros 10 dias dela aqui, que coincidiram com a adaptação escolar da Laura, foram punk! A Laura olhava pra ela e berrava mamãnheeeeeee! A pobre moça mal conseguia falar oi pra pequena. Eu ia trabalhar com o coração angustiado. Deixei ela na casa da minha mãe na primeira semana, com a Laura, pra ficar um pouco mais tranquila. Na hora do almoço eu passava lá voando, pegava a Laura e a Adriana 2, deixava a babá em casa, segui para a escola, deixava a Laura berrando no colo da professora e seguia pro trabalho, com o coração nervoso. Voltava pra casa no fim do dia, com a Laura nos braços, e bastava entrar em casa que a cena se repetia: berros, choro, manhêêê! Como sou muito ansiosa e imediatista, eu achava que a Adriana 2 não ia dar certo com a Laura e só pensava na Adriana 1, que voltasse logo das férias. Dormi mal algumas noites. Almocei rápido muitos dias. Emagreci. E o tempo passou. A Laura esta mais adaptada a tantas mudanças no seu mundo. Já não chora mais quando chega na escola. Me dá um beijo e fica feliz com a turminha e as professoras. Na saída, dá tchau para todos, até para o pipoqueiro. Com a Adriana 2, já está encontrando suas afinidades. Brincam de esconde esconde no quarto e a Laura berra: Adriaanaaaaaaaaaaaa quando a procura. E eu sinto que novamente colocaram uma bela parceira na minha vida, assim definida por ela mesma, a babá 2. Hoje meu coração está sentido, pois é quase certo que terei que dispensar a Adriana 1, na volta das férias, e isso me incomoda um pouco, pq. sei que ela tem seu mérito. Mas foi ela que pediu demissão, ficou confusa, voltou atrás e mudou o ritmo da banda. Por aqui estamos de novo começando uma nova sinfonia e estou certa de que ela começara a sua também. Estou aprendendo a não pesar tanto as decisões com minhas emoções, que ñão são poucas.   

8 de fevereiro de 2012

blogagem coletiva - o nascimento da mãe barriga

Eu já havia tentado outras vezes, mas não estava dando certo. Nada funcionava. Eu fazia tudo como devia, como me orientavam, seguia os conselhos, palpites das pessoas mais experientes no assunto, lia muito, pesquisava, fuçava, mas não tinha jeito.
Eu criava os blogs e eles não vingavam, não se desenvolviam. Pouco tempo depois que eles nasciam, eu perdia o interesse, deixava de postar, os abandonava. Coisa de mãe desnaturada. Mas é que faltava um vínculo mais forte, um laço emocional, e legítimo. Algo que dissesse respeito só a mim e me conferisse toda a liberdade do mundo pra escrever o que eu bem entendesse, mas de forma muito intensa e genuina.
E então eu engravidei. Uma gravidez surpresa! Mas muito desejada. Pré-desejada, se é que me entendem. Bom, e é claro que a partir do momento em que eu soube da notícia, minha cabeça se encheu mais ainda de pensamentos. Desordenados, angustiados, felizes e trágicos, que iam e vinham, se multiplicavam e não saiam de lá. Eu precisava desabafar. Mas era um desabafar comigo mesma, pra mim mesma. Era um desabafo monólogo. Eu precisava colocar tudo aquilo que eu estava sentindo pra fora, até pra ver se eu entendia o que estava sentindo.
E assim nasceu o mãe barriga, o terceiro filho da minha vida bloguiana, o filho que vingou. Mãe barriga, porque quando eu criei o blog, minha maternidade estava toda centrada na barriga. A barriga era a mãe, até então. Porque uma barriga grávida é sim uma mãe. Uma mãezona que abriga com toda proteção, segurança e conforto uma vidinha que está se formando. A barriga, que tanto nos assusta quando está fora de forma, fazendo com que a gente a esconda do mundo, de repente vira um sorriso, o ponto principal, o maior orgulho. E minha barriga de grávida era linda demais. Como uma mãe deve ser.
E hoje o mãe barriga é o lugar onde eu coloco as emoções de ser mãe. Os conflitos, as dúvidas, as alegrias. É onde eu encontro outras mães, e onde somos todas iguais. É onde eu acompanho o desenvolvimento de crianças que eu nem conheço pessoalmente, mas as adoro. São os amiguinhos ilustres de blog da minha filha, Laura.
O mãe barriga virou também uma persona, por meio da qual eu navego sem medo nas redes sociais. Virou minha persona materna. Aquele papel mais verdadeiro que me representa.
Longa vida pra você, mãe barriga!